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A Imperial ponte D. Pedro II



DATA DE 9 de março de 1754, o primeiro Requerimento do Procurador da Câmara da Cachoeira, Feliciano de Abreu Soto Maior, com a exposição de motivos da necessidade de um elo de ligação entre as então Vilas da Cachoeira e o povoado de São Félix.
Quando da viagem do Governador da Província e Capitão Geral da Capitania da Bahia, Francisco de Assis Mascarenhas, o Conde de Palma, na famosa viagem do chamado "vapor da Cachoeira", (4 de outubro de 1819), as autoridades cachoeiranas reivindicavam a conclusão de uma ponte de madeira, já iniciada, de autoria do engenheiro Salvador José Maciel.
 (vide abaixo o desenho pertencente ao Arquivo Nacional)
                                     
Diante da esclarecedora exposição de motivos, o Conde Palma, em discurso, disse para os cachoeiranos que, "um dos motivos da sua viagem era ver o rio da Cachoeira, em que Sua Majestade havia ordenado a construção de uma ponte", conforme noticiou os jornais da cidade, na época. O senhor governador chegou a estipular o prazo de cinco meses para a conclusão da obra, cujo custo inicial estava orçado entre quatro a cinco contos de réis. O rendimento com a cobrança de pedágio e das Terças por empréstimo, seriam "as fontes de arrecadação para a construção definitiva de uma ponde de pedras". (O grifo é nosso). Embora eu considere a atual ponte metálica muito linda, com certeza, uma ponte de pedras (material abundante no leito do rio), seria, sem dúvida, a mais importante obra do gênero no Brasil.
Em 27 de junho de 1880, o Governador oficiava a Câmara da Cachoeira dando conta de que havia recebido "quatrocentos réis" a fim de efetuarem o pagamento da madeira a ser enviados ao doutor Ouvidor da Comarca de Ilhéus.
Em 6 de agosto do mesmo ano, a Câmara oficiava ao Conde de Palma informando-o da ida para o Rio de Janeiro do Engenheiro Salvador José Maciel, passando a fiscalização das obras para o Brigadeiro José Tomás Boccariari.
As obras foram paralisadas em decorrência da ida do Governador para o Rio a fim de participar da Junta Provisória em decorrência dos fatos a que a Cachoeira teve atuação destacada em 1822,conforme sabemos.
Em 22 de dezembro de 1881, com a criação da "Paraguassu Steam Tramrod Comp - Cachoeira Bridge", foi realizada a cerimônia da primeira pedra da construção do que seria a atual ponte metálica. O projeto era assinado por E.B.Webb, e foi acompanhado pelo Engenheiro Afonso Glicério da Cunha Maciel, posteriormente nomeado Intendente (Prefeito) da Cachoeira, (1890/91)  período de transição do regime monárquico para republicano. 
Maciel deixou um legado muito importante, as suas "Memória Descritiva da Construção da Ponte D. Pedro II da Estrada Central da Bahia, sobre o Rio Paraguassu, entre as cidades da Cachoeira e São Félix".
No documento acima aludido, ficamos sabendo que, "São Félix mantinha notável comércio com o Sertão, e, sobre a ponte propriamente dita, "foram utilizados os mais modernos processos mecânicos, que "o encontro com a Cachoeira teve início em abril de 1882 e terminou em 20 de janeiro do ano seguinte", que "a ensecadeira do pagão número 1 terminou em março de 1883" e que "a concretagem e alvenaria terminaram em 4 de agosto do referido ano". As provas de resistência foram realizadas em 3 de julho e que Sua Majestade, o Imperador, havia permitido que fossem colocadas as armas imperiais e que fosse denominada Pedro II.
A inauguração se deu a 130 anos passados, exatamente no dia 7 de julho de 1885, com a presença do Governador da Província, sendo considerada à época "a mais importante ponte ferroviária da América do Sul", sendo instituída a cobrança de pedágios para pedestres, montarias e viaturas. Em novembro de 1933, o ministro José Américo abolia tal cobrança, atendo reivindicação das populações cachoeiranas e sanfelixtas.
 As periódicas enchentes em muito prejudicaram a estrutura da ponte. A do ano de 1960, por exemplo, acabou interditando o tráfego de veículos por quatro anos, sendo entregue ao público no dia 1º de abril de 1979.
Como fato curioso e até histórico, dois anos após a inauguração da ponte, em 2 de março de 1887, para sermos mais precisos, os ferroviários da Cachoeira e das oficinas de São Félix fizeram uma greve para o aumento das suas diárias. O então Ministro da Indústria e Viação concedeu um aumento de dois mil réis.

OUTRAS PONTES DA CACHOEIRA DIGNAS DE REGISTRO
Além das Pontes do Virador, Três Riachos e Bitedor, construídas pela Central da Bahia para os transportes exclusivamente ferroviários, a Cachoeira possui mais algumas pontes a saber:   
PONTE VELHA - Construída antes de 1753, com alvenaria com três arcos e servia para ligar o centro da Vila ao pasto (atual praça Maciel), cortado pelo Riacho Pitanga.
Até 1792 não existiam construções sobre essa ponte que está à montante (lado para a Santa Casa de Misericórdia). Em 1838, a Câmara concedia alvará permitindo construções à jusante (onde funcionava o Armazém de Ursecino e filial da Farmácia Régis).
PONTE NOVA - Construída por volta do século dezanove, hoje está praticamente invisível após o calçamento da rua que mantém até hoje o nome de "Ponte Nova".
Dos fundos da casa contígua ao atual Fórum da Cachoeira, pode-se ver, ainda, das ruínas do antigo sobrado conhecido como "Lobo da Cunha" (Fórum), a canalização do Riacho Pitanga até o Rio Paraguaçu.
PONTE DO CAQUENDE - Bem mais antiga do que a Ponte Nova, é constituída de apenas um arco, mantendo, ainda, do lado jusante (ou seja, rio abaixo do ponto de vista do observador), sua forma original. O lado montante, infelizmente foi revestido de uma argamassa de cimento.

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