Nós ainda nem havíamos encontrado o edredom perfeito para o dormitório de faculdade da minha filha, Emma, quando ela foi ao dentista em uma consulta de rotina e foi informada de que teria de extrair seus dentes do siso o mais rápido possível.
Ela ainda não estava tendo nenhum tipo de problemas, mas nosso dentista disse que os problemas poderiam aparecer subitamente no meio do semestre, talvez na época das provas, e nesse caso ela provavelmente precisaria parar o que estivesse fazendo e voltar para extrair os dentes. Seria melhor fazer isso agora, ele disse.
A cada ano, apesar dos riscos envolvidos em qualquer procedimento cirúrgico, milhões de dentes do siso saudáveis e assintomáticos são extraídos de jovens pacientes nos Estados Unidos, frequentemente enquanto eles estão se preparando para ir para a faculdade. Muitos planos odontológicos cobrem a extração desses dentes, que já cresceram parcialmente ou estão impactados por baixo das gengivas.
Mas as evidências científicas que apoiam a extração preventiva de rotina dos dentes do siso são surpreendentemente escassas, e em alguns países essa prática já foi abandonada. “Todos correm o risco de ter apendicite, mas você tira o apêndice de todo mundo?” diz o Dr. Greg J. Huang, chefe do departamento de ortodontia da Universidade de Washington, em Seattle. “Eu não sou contra a remoção do siso, mas a pessoa deveria fazer uma avaliação e ter uma boa razão clínica para fazê-lo”.
Cirurgiões odontológicos há muito argumentam que, se você não remover seus dentes do siso em uma idade jovem, você estará simplesmente adiando o inevitável.
“É difícil conseguir uma porcentagem, mas provavelmente de 75 a 80 por cento das pessoas não preenchem os critérios necessários para manterem com sucesso seus dentes do siso”, diz o Dr. Louis K. Rafetto de Wilmington, Delaware, que chefiou a força-tarefa sobre dentes do siso da Associação Americana de Cirurgiões Bucais e Maxilo-faciais.
Outro especialista, o Dr. Raymond P. White Jr., professor de cirurgia da Escola de Odontologia da Universidade da Carolina do Norte, diz que mais ou menos 60 a 70 por cento de pacientes que possuem os sisos futuramente terão problemas com eles, mas reconhece que os dados são limitados. “Estamos tomando decisões com base nos melhores dados disponíveis”, diz.
Esses números persuasivos são repetidamente usados por dentistas e cirurgiões bucais para justificar a extração de rotina dos dentes do siso.
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