1) Regras gerais com um único verbo
Como já vimos anteriormente, a colocação pronominal padrão é a ênclise, mas nos casos em que existe o chamado fator de próclise (palavras ou expressões anteriores ao verbo que atraem o pronome oblíquo átono), o uso da próclise é obrigatório:
A. Nas orações em que há uma palavra negativa (não, nada, ninguém, jamais, nunca, etc) imediatamente anterior ao verbo, ou seja, sem a presença de pausa entre os dois:
- a) Nada me abalava naquele momento.
- b) Nunca o vi tão sereno e obstinado.
- c) Jamais me esquecerei do que vi naquela noite.
Observação:
Quando há pausa (sinalizado por uma vírgula, por exemplo), a próclise não pode ser usada.
- Não, dei-lhe outro conselho.
B. Quando o tempo verbal corresponder ao futuro do presente ou ao futuro do pretérito (ambos do indicativo) admitir-se-á a próclise e a mesóclise, mas nunca aênclise.
1. Futuro do Presente (Próclise)
- a) Eu me calarei se provares meu engano.
- b) Eu te amarei se tu provares teu amor.
2. Futuro do Pretérito (Próclise)
- a) Eu me calaria se provasses meu engano.
- b) Eu te amaria se tu provasses teu amor.
C. Nas orações iniciadas por pronomes ou por advérbios interrogativos.
- a) Quem me busca a esta hora tardia.
- b) Qual te agrada mais.
- c) Não sei por que me disseste isso.
D. Nas orações iniciadas por palavras exclamativas e nas orações optativas, ou seja, que exprimam desejo:
1. Exclamativas
- a) Que Deus o abençoe!
- b) Bons olhos o vejam!
2. Desejo
- a) Que o vento te leve os meus recados de saudade.
- b) Que te sirvam de exemplo esses erros.
E. Nas orações subordinadas, mesmo que a conjunção esteja oculta:
- a) Não sei se nos veremos mais tarde.
- b) Quando me deitei, à meia noite, os preços estavam à altura do pescoço
- c) Que queres (que) te diga eu?
F. Nas orações em que há gerúndio regido da preposição “em”:
- a) Em se tratando de flores, ele era o melhor.
- b) Em me desenvolvendo, posso dar opiniões melhores.
Além dos casos acima, a língua portuguesa também tende à próclise nos casos abaixo:
G. Nas orações em que o verbo vier antecedido, sem pausa que os separe, de advérbios (bem, mal, já, ainda, sempre, talvez, só, etc) ou expressões adverbiais.
- a) Já te disse várias vezes a mesma coisa.
- b) Só depois se senta no chão a chorar.
- c) Na rua se briga, mas em casa, apenas se discute.
H. Nas orações dispostas inversamente e iniciadas pelo predicativo ou pelo objeto direto.
- a) Razoáveis me parecem esses termos.
- b) O beijo me deste quando estavas bêbado.
- c) A grande notícia te dou agora.
I. Nas orações em que o sujeito anteposto ao verbo contém o numeral “ambos” ou algum dospronomes indefinidos (tudo, alguém, outro, qualquer, etc)
- a) Ambos se sentiam desiludidos e humilhados.
- b) Alguém me disse coisas horríveis sobre ti.
- c) Todos os barcos se perdem entre o passado e o futuro.
Nas orações alternativas:
- a) Ou me entendo com ela, ou me desentendo contigo.
- b) Maria, ora se atribulava, ora se abonançava.
2) Regras gerais com uma locução adverbial
Nas locuções verbais em que o verbo principal está no infinitivo ou no gerúndio:
1. A próclise deve ser usada quando houver um fator de próclise:
- a) Não se pode calcular.
- b) Jamais me hão de capturar.
- c) Como se vinha trabalhando mal!
- d) Que mal me havia de fazer?
2. Quando o verbo principal estiver no particípio, o pronome átono não pode vir depois dele, a próclise poderá ser usada ao verbo auxiliar caso haja fator de próclise.
- a) Arrependa-se do que me disse, e tudo lhe será perdoado.
- b) Que se teria passado?
Observações Finais:
De acordo com a norma portuguesa, a próclise nunca deve ser usada sem a presença de um fator de próclise, portanto, a construção abaixo seria incorreta:
- Me disseram que o mundo é redondo.
Mas, devido ás características do português do Brasil e, também, do português das Republicas africanas, é possível iniciar frases com os pronomes átonos, especialmente com a forma “me”.
Principalmente, alguns escritores portugueses costumam inserir uma ou mais palavras entre o clítico e o verbo. Geralmente, usa-se o advérbio de negação “não”.
- Ela impossível que lhe não deixasse uma lembrança.
- Calara-se, só para lhe não dar assentimento.
Nunca se aceita a próclise (ou ênclise) em particípios. Nesses casos, quando não há verbo auxiliar para o particípio, opta-se sempre pela forma tônica do pronome regida de preposição.
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