Glaucia Alves

A assonância é uma figura de harmonia cujos efeitos sonoros são obtidos através da repetição de vogais.
Observe no poema abaixo, do poeta português Eugênio de Castro, a repetição sistemática do som vocálico “e”.
Um sonho
Na messe, que enlourece, estremece a quermesse…
O sol, o celestial girassol, esmorece…
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos…
O sol, o celestial girassol, esmorece…
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos…
As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros…
Cornamusas e crotalos,
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves.
Brilham com brilhos sinistros…
Cornamusas e crotalos,
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves.
Flor! enquanto na messe estremece a quermesse
E o sol, o celestial girassol esmorece,
Deixemos estes sons tão serenos e amenos,
Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos…
E o sol, o celestial girassol esmorece,
Deixemos estes sons tão serenos e amenos,
Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos…
Soam vesperais as Vésperas…
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros…
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros…
Como aqui se está bem! Além freme a quermesse…
– Não sentes um gemer dolente que esmorece?
São os amantes delirantes que em amenos
Beijos se beijam, Flor! à flor dos frescos fenos…
– Não sentes um gemer dolente que esmorece?
São os amantes delirantes que em amenos
Beijos se beijam, Flor! à flor dos frescos fenos…
(Excerto de “Um Sonho” – Eugénio de Castro)
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