Glaucia Alves
A sinestesia é uma figura de linguagem em que sensações e imagens distintas são misturadas e relacionadas no mesmo contexto.
O uso da sinestesia em um texto ou em qualquer expressão artística provoca um efeito de totalidade devido a fusão dos cheiros, sons, cores, texturas, gostos, sensações, etc.
Veja no poema abaixo como Olavo Bilac trabalha o tema:
Via Láctea
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas”
(Fragmento de “Via Láctea”, de Olavo Bilac)
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas”
(Fragmento de “Via Láctea”, de Olavo Bilac)
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