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A única saída


A feira do porto,crianças,era um punhado de feirantes que vinham de Najé,Coqueiros e Maragojipe,de "marabaixo"como se dizia,então ,e,expunham e vendiam laranjas, amendoim, cana-merim, milho,etc, nos dias de São João,no desembarque do cais nas proximidades do campo de futebol. A prefeitura mandava colocar uma gambiarra. Lá pras tantas,o pessoal com a cara cheia de goró criava o maior balai-de-gatomesmo porque nas proximidades havia casas de Quengas.
A festa propriamente dita,que começava com as trezenas de Santo Antônio, consistia em grupos que se reuniam dançando e cantando músicas de Luiz Gonzaga de casa em casa. Não havia um só residência que não estivesse preparada para receber os festeiros.
Certo dia de São João que longe vai,uma animada turma já havia percorrido da Ponta da Calçada ao Caquende quando alguém lembrou:
- Vamos, agora, até São Félix,na moral!
Chegando na cidade irmã, foram logo visitar a morada da família Guimarães, acostumados a promoverem grandes festas e a receberem com fidalguia. 
Alguém lembrou de dar uma passadinha na casa de Bojota, antigo comerciante e funcionário do INPS (na ocasião era assim chamado). O referido cidadão era gente fina,gostava de receber amigos em sua casa,além do mais era um grande pagodeiro.
Dito e feito.Ao chegarem nas proximidades da casa notaram que a mesma estava literalmente  cheia. E chegaram cantando:
- A fogueira está queimando,em homenagem a S.João/O forró já começou/Vamo gente,arrastá pé´pelo salão!
As moças chegando na entrada da casa gritando:
- São João passou por aqui ?!
Nenhuma resposta se ouviu.Na casa todos silentes.Os mais afoitos tiveram a maior surpresa: na sala de visitas um corpo jazia num caixão! A dona da casa havia falecido,infelizmente.
Atônitos,todos no grupo ficaram se entreolhando em busca de uma saída honrosa. Foi aí que o caixa do Banco do Brasil,mais conhecido como "João tá com sono"resolveu o impasse dizendo:
- Viva São João !
E na sala onde o corpo estava sendo velado a turma respondeu:
- Viva !
- Viva a defunta !
- Viva !
E saíram dançando e cantando enquanto Jaiminho,reconhecendo a sagacidade do colega disse:
- O cara é disgramado mesmo!

E vamos contar mais um "Causo" junino:
                              Anarriê !
Nós,os nordestinos,pensamos que as festas juninas só acontecem na terrinha.Ledo engano: a  mais antiga e das  mais importantes festas brasileiras também acontece na Dinamarca, Finlândia, Reino Unido, Ucrânia, Espanha, Porto Rico, Canadá e Austrália.
Nos meus tempos, na minha terra natal, a brincadeira era espontânea, respeitosa e democrática. As famílias, como vimos no "causo"anterior, sentia o maior prazer em receber os amigos e até estranhos!
Foi então que alguém da turma teve a feliz idéia de formar uma Quadrilha apenas de homens, alguns, claro, usando saias, perucas e pintando os lábios de batom.



Vejam bem que "time" da pesada: Raimilan, Vandecock, Poporrô, Zecapreta, Erione, Mateus, Jaiminho, Biro, Moacir, Ninho Cascata e alguns jogadores consagrados da seleção cachoeirana campeã do intermunicipal como Mário Codorna,Tião, Balaio, Deca, Ainho...
Tendo como sanfoneiro,Lu,irmão de Raimundo que trabalhava no Bar de Brito na Rua da Feira. a turma optou por sair do Caquende. Logo quando passavam dançando nas proximidades da budega de "Jorge da Arara" (que vendia Poca Oi  mas, curiosamente, mantinha uma listagem dos que bebiam por lá e faleceram), ia subindo um caminhão com engradados da aguardente Pitu. O vendedor achou a coisa interessante.Chamou a turma e disse:
- Olha aqui, gente: uma garrafa de Pitu pra cada um de vocês. Agora, onde vocês forem dançar, terão de fazer a propaganda da nossa cachaça. Mario Codorna se comprometeu e cumpriu. Na primeira casa onde eles pararam, Codorna com aquela voz impostada improvisava:
Eu morava num palácio /  Hoje em casa de bambu / Mas tô feliz e contente / Tomando a minha Pitu !
E lá adiante:
Padre Fernando diz a Missa / Toca o sino Tonho de Jú / E eu feliz e contente / Tomando a minha Pitu !
Para encurtar a história, a turma foi esbarrar na casa do dr.Joaquim,Juiz de direito da Comarca. Em plena sala de visias a turma começou a dançar. Raimilan,por motivos óbvios,além da peruca procurava  esconder a cara com uma revista. Percebendo o receio de Raimilan, Mateus deu uma guinada e arrancou a peruca, enquanto o doutor Joaquim fazendo cara de surprêsa perguntava para a sua esposa:
- Margarida, não é o doutor Raimundo ?!
DECODIFICANDO O "BAIANÊS"
GORÓ : bebida alcoólica
BALAI-DE-GATO :  confusão,arruaça
QUENGA : prostituta. 
 NA MORAL : numa boa.
DISGRAMADO: atrevido
POCA OI -- Aguardente com folhas em infusão.


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