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Pessoas com pedras nos rins têm mais chances de um doença cardiovascular

TRIBUNA DA BAHIA
Quem não conhece alguém que tem ou já teve cálculo renal? A litíase renal também conhecida como cálculo renal ou pedra nos rins, é uma doença muito comum, causada pela cristalização de sais minerais presentes na urina.
Trata-se de uma enfermidade com incidência cada vez maior em todo o mundo, atingindo hoje 15% da população mundial. No Brasil, já atinge de 5% a 12% da população de ambos os sexos e de todas as faixas etárias, sendo mais comum nos homens e predominando entre os 20 e 40 anos de idade.
Considerada a nova epidemia mundial, a pedra nos rins está associada ao desenvolvimento de doenças crônicas extremamente frequentes, como os distúrbios do sistema cardiovascular.
Novos estudos internacionais demostram que pacientes com cálculos renais têm mais chance de ter infarto agudo do miocárdio e derrames. Os resultados foram debatidos no Congresso Brasileiro de Nefrologia, realizado no final de setembro, em Belo Horizonte – MG.
De acordo com os autores dos estudos, a formação dos cálculos renais acontece principalmente pela deposição dos cristais contendo cálcio no sistema urinário. Esta precipitação de cristais com cálcio também  poderá ocorrer nas artérias coronarianas e intracranianas e causar calcificações nesses vasos, explicando, portanto, o risco aumentado de problemas cardiovasculares e derrames nesses pacientes. 
Outras doenças, como a hipertensão arterial, o diabetes, a síndrome metabólica e a insuficiência renal crônica, que pode levar a perda dos rins, também são fatores de risco para pessoas com cálculo renal. 
A doença apresenta alta taxa de recorrência (de 80% a 100%) e a história familiar está presente em torno de 50% dos casos. Pesquisadores americanos elaboraram um questionário que, ao abordar os hábitos comportamentais e o histórico de saúde dos pacientes, poderá ajudar os médicos a avaliar quais correm risco de desenvolver as pedras novamente.
Relatos de pacientes que se submeteram ao procedimento foram a principal motivação dos pesquisadores, que buscaram um modo de prevenir o cálculo renal recorrente.
Para Daniel Rinaldi dos Santos, presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o questionário dos cientistas americanos pode auxiliar os nefrologistas no tratamento da doença. Segundo ele, os profissionais brasileiros já adotam uma estratégia semelhante.
“A diferença é que, agora, teremos uma pontuação, que pode apontar as chances de o paciente desenvolver a doença novamente, em níveis percentuais”, afirma o nefrologista.
Pesquisas internacionais têm demostrado também que a elevação da temperatura ambiental pelo fenômeno de aquecimento global contribui para a maior prevalência de formação de cálculos renais. Além disso, a incidência da doença aumenta em média 20% durante o verão. 
“Com as temperaturas elevadas, transpiramos mais e a ingestão de água nem sempre compensa a perda de líquido no organismo”, explica Daniel Rinaldi dos Santos, presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia. Dessa forma, diz ele, a urina fica concentrada e as substâncias que normalmente são excretadas acabam retidas e formam as pedras.
Especialmente nessa época é importante tomar alguns cuidados. O primeiro passo é ingerir água suficiente para obter uma urina clara (esta quantidade deve ser no mínimo 2 litros por dia). “À noite é mais comum formar o cálculo porque as pessoas seguram mais a urina ingere menos água, aumentando o acúmulo de cristais. Assim, é fundamental beber água também nesse período”, alerta Rinaldi. 
De acordo com o nefrologista, também é importante evitar o excesso de vitamina C e optar por uma dieta rica em fibras e frutas, principalmente as cítricas, como laranja e limão.
Se já tiver apresentado o problema uma vez na vida, o melhor é procurar um médico e avaliar as funções metabólicas para ver se é necessário ou não abrir mão de algum medicamento.
Diagnóstico e tratamento
Em relação à dieta, existem alguns hábitos que podem aumentar a incidência de pedras nos rins, principalmente se o paciente já tiver concentrações de cálcio na urina mais elevadas que a média da população.
Dietas ricas em sal, proteínas, frutose e açúcares são fatores de risco. Curiosamente, apesar da maioria dos cálculos serem compostos de cálcio e surgirem por excesso de cálcio na urina, não há necessidade de restringir o consumo do mesmo na dieta.
“A restrição, aliás, pode ser prejudicial. Se a pessoa já está perdendo cálcio em excesso na urina e não o repõe com a dieta, o seu organismo vai buscar o cálcio que precisa nos ossos, podendo levar à osteoporose precoce”, revela Rinaldi.
O único cuidado, segundo ele, deve ser com os suplementos de cálcio em excesso, já que o consumo destes, principalmente quando em jejum, pode aumentar o risco de pedra nos rins.
 A presença de sintomas sugestivos de cálculo renal, como dor súbita no dorso ou sangue na urina, deve ser avaliada por um médico. “Para o diagnóstico, utilizamos exames de imagem, dosagens sanguíneas e dosagens urinárias de substancias como o cálcio, ácido úrico, oxalato, citrato, sódio, potássio entre outros.
Esses métodos oferecem informações importantes sobre o tamanho, à localização das pedras e as alterações do metabolismo responsáveis pela sua formação”, afirma Rinaldi.
Mudanças de hábitos alimentares e o aumento da ingestão de líquidos, preferencialmente água, além de medicações específicas são extremamente importantes no tratamento clínico do cálculo renal.
Medidas simples, como evitar o excesso de sal e o consumo de carne vermelha e gorduras, controlar o ganho de peso, fazer exercícios regularmente, não fumar e ficar atento à pressão arterial e ao diabetes é fundamental para prevenir a formação de cálculos.
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