Regras Básicas da Concordância Verbal
Sujeito Simples
O verbo deverá concordar em número (singular) e com a pessoa, mesmo que o sujeito esteja subentendido:
A paisagem ficou espiritualizada.
Tinha adquirido uma alma. E uma nova poesia
Desceu do céu, subiu do mar, cantou, na estrada…
Sujeito Composto
O verbo deverá se flexionado no plural e quanto à pessoa, deverá ser determinado pelos seguintes casos.
A) Se entre um dos sujeitos, houver um que seja da 1ª pessoa, o verbo será flexionado de acordo com a 1ª pessoa do plural.
Tu por um lado e eu por outro o acautelaremos das horas más.
Só eue Florêncio ficamos calados, à margem.
B) Se não existir nenhum sujeito da 1ª pessoa, mas houver um da 2ª, o verbo deverá ser flexionado de acordo com a 2ª pessoa do plural.
Tu ou os teus filhos vereis a revolução dos espíritos e costumes.
Observações:
No Brasil evita-se usar a 2ª pessoa do plural em virtude do desuso do pronome vós e, também, pela substituição comum do tratamento tu por você em grande parte do país.
C) Se todos os sujeitos forem da 3ª pessoa do singular, o verbo deverá ser flexionado de acordo com a 3ª pessoa do plural.
Mestre Gaudêncio curandeiro, seu Libório cantador, o cego preto Firmino e Das Dores exigiram a história dos tatus, que saiu deste modo.
Regras Especiais da Concordância Verbal
Sujeito Simples
- 1. O sujeito é uma expressão partitiva
Quando o sujeito expressar a parte, porção, resto ou metade de algo, substantivo ou pronome, que esteja no plural, o verbo poderá ser flexionado tanto no singular quanto no plural dependendo do foco que o interlocutor deseja dar à frase.
Se o interesse for destacar o conjunto como uma unidade, usa-se o verbo no singular, mas se o desejo é evidenciar os vários elementos do todo, usa-se o verbo no plural.
Para meu desapontamento, a maioria dos nomes anotados não dispunha de telefone, ou eram casas comercias que não queriam conversa.
Observações:
O editor ortográfico do Word sempre opta pela forma no singular, mas você deve escolher a forma que melhor lhe aprouver.
- 2. O Sujeito denota quantidade aproximada
Quando formado por um número plural precedido das expressões cerca de, mais de, menos de ou similares, o verbo normalmente é flexionado no plural.
… e afinal, depois de tanto trabalho, de tantas palavras e canseiras, fugirem-lhe nada menos de três!
Observações:
- As expressões com o uso do número “um”, levam o verbo para o singular:
Mais de um sujeito correu na salvação do pescoço-pelado.
- Mas quando essas expressões vierem repetidas ou denotarem a idéia de reciprocidade, o verbo deve ser flexionado no plural:
Mais de um velho, mais de uma criança não puderam fugir a tempo.
Mais de um orador se criticaram mutuamente na ocasião.
- 3. O Sujeito é o pronome relativo “que”
Essa regra requer uma boa habilidade linguística para identificar corretamente os elementos da frase
A) O verbo que tem como sujeito o pronome “que”, deve concordar em número e grau com o antecedente do pronome “que”.
Sou eu que lhe peço.
B) Quando o antecessor do pronome “que” for um pronome demonstrativo com valor de predicativo ou aposto de um pronome pessoal sujeito, o verbo pode:
- Concordar com o pronome pessoal sujeito, principalmente quando o pronome demonstrativo for “o”, “a”, “os”, “as”.
Não somos nós os que vamos chamar esses leais companheiros de além-mundo.
- Concordar com o pronome demonstrativo, flexionando-se na 3ª pessoa do singular, quando não houver interesse em acentuar a íntima relação entre o predicativo e o sujeito
Eu sou aquele que veio do imenso rio
Fui Essa que nas ruas esmolou
- Ir para a 3ª pessoa do plural (destacando o grupo), ou, raramente, para a 3ª pessoa do singular (destacando o sujeito do grupo) quando o antecessor do “que” for uma das seguintes expressões: um dos, uma das acompanhadas de um substantivo no plural.
És um dos raros homens que têm o mundo nas mãos.
Foi um dos poucos no seu tempo que reconheceu a originalidade.
- 4. O Sujeito é o pronome relativo “quem”
Por regra, nesse caso, o verbo flexiona-se na 3ª pessoa do singular.
E não fui eu quem te salvou
Observações
Mas, além de existirem vários exemplos de autores consagrados optando pela concordância entre o verbo e o pronome pessoal sujeito da oração anterior, na linguagem popular essa a construção mais preferida.
Não sou eu quem descrevo. Eu sou a tela
E oculta mão colora alguém em mim.
(F. Pessoa, OP, 55.)
- 5. O Sujeito é um pronome interrogativo no plural, demonstrativo ou indefinido no plural, seguido de “de (ou dentre) nós (ou vós)”
O verbo pode ficar na 3ª pessoa do plural ou concordar com o pronome pessoal que designa o todo:
Mas, quantos, dentre nós, ainda estão vivos.
Quantos dentro vós que me ouvis não tereis tomado parte em romagens a Aparecida?
- 6. O Sujeito é um pronome interrogativo singular ou indefinido singular, seguido de “de (ou dentre) nós (ou vós)”
O verbo sempre ficará no singular:
Quando as nuvens começaram a existir, qual de nós estava presente.
- 7. O Sujeito é um plural aparente
A) O verbo deverá ser flexionado no singular quando os nomes de lugar ou títulos de obras, que têm forma de plural, mas não estão acompanhados de artigo:
Mas Vassouras (lugar) é que não o esquecerá tão cedo.
B) Quando estiverem acompanhados de artigo, o verbo, naturalmente, se flexiona no plural:
Os Estados Unidos, então, por sua vez, tentam uma demonstração espetacular.
- 8. O Sujeito é indeterminado
O verbo é flexionado na 3ª pessoa do plural, mas se a indeterminação Fo indicada pelo pronome “se”, o verbo dever ficar na 3ª pessoa do singular.
Pediram-me que a procurasse.
Ainda se vivia num mundo de certezas.
- 9. Concordância do verbo ser.
1) O verbo concorda com o predicativo:
- Nas orações iniciadas pelos pronomes interrogativos substantivos: “que” e “quem”
Quis saber quem eram meus pais e o que faziam.
- Quando o sujeito do verbo “ser” for um dos pronomes isto, isso, aquilo, tudo ou o (= aquilo) e o predicativo for um substantivo no plural.
Isto não são conversas para ti, pequena.
Observações:
Alguns escritores, pensando no efeito estilístico e tentando realçar o conjunto ao invés dos elementos, usa o verbo no singular.
Há neles muita lágrima, e o que não é lágrimas são algemas.
- Quando o sujeito possuir sentido coletivo (o resto, o mais):
O resto são atributos sem importância.
- Nas orações impessoais:
São duas horas da noite.
2) O verbo fica no singular quando o sujeito é uma expressão numérica indicadora de totalidade:
- Dez contos? Não será demais?
3) O verbo concorda com o substantivo ou pronome que antecede a locução “é que”:
Tu é que deves escolher o sítio.
Observações: Não confundir com outras construções semelhantes, mas móveis.
Sujeito Composto
- 1. Concordância com o sujeito mais próximo
A) Quando o verbo antecede os sujeitos:
Habita-me o espaço e a desolação
B) Quando os sujeitos são palavras sinônimas ou quase sinônimas:
O amor e a admiração nas crianças compraz-se dos extremos.
C) Quando há uma graduação enumerativa
O pobre, o sem forças, era triturado.
D) Quando os sujeitos designam, em conjunto, uma atitude ou qualidade.
A grandeza e a significação das coisas resulta do grau de transcendência que encerram.
- 2. Sujeitos infinitivos (um ou mais)
O verbo fica no singular, mas quando exprimem idéias contrárias pode ir para o plural.
Olhar e ver era para mim um recurso de defesa.
Se alternam rir e chorar.
- 3. Sujeitos resumidos por um pronome indefinido (tudo, nada, ninguém) ou quando o pronome anuncia o sujeito.
O verbo fica no singular:
Tudo era de um cinzento de borralho.
Tudo o fazia lembrar-se dela.
- 4. Sujeitos que representam a mesma coisa ou pessoa
O verbo fica no singular
O verbo, a Idéia só se revela aos homens e às nações.
- 5. Sujeitos ligados por “nem” ou “ou”
A) O verbo fica no plural quando:
- O sujeito for formado por substantivos no singular e o fato expresso pelo verbo estiver atribuído a todos os sujeitos
O Mal ou o bem dali teriam de vir
- Os sujeitos não forem da mesma pessoa. Nesse caso o verbo também concorda com a pessoa que o precede.
Nem tu nem eu soubemos ser nós uma única vez.
B) O verbo fica no singular quando:
- Os sujeitos estão no singular, mas o fato expresso pelo verbo apenas pode ser atribuído a um deles (idéia de alternativa)
Fui eu devagar, mas o pé ou o espelho traiu-me.
Observações:
Na linguagem coloquial há uma tendência de anular estas distinções principalmente nos casos em que há o “nem”.
Nem João nem Carlos serão eleitos presidente do clube.
- As expressões um ou outro e nem um nem outro, têm a função de pronome substantivo ou pronome adjetivo.
Um ou outro porco era cevado.
- 6. A Locução “um e outro”
O verbo pode fica no plural ou, raramente, no singular:
Um e outro tinham a sola solta
Uma e outra obedecia logo.
- 7. Sujeitos ligados por com
A) O verbo flexiona-se no plural quando os sujeitos têm valor igual e o “com” age como se fosse a conjunção “e”.
O mestre com o boleeiro fizeram a emenda.
B) O verbo pode concordar com o número do primeiro sujeito quando a intenção é realçá-lo
A viúva, com o resto da família, mudara-se para Vila Isabel.
- 8. Sujeitos ligados por conjunção comparativa (como, assim como, bem como e equivalentes)
A) O verbo concorda com o primeiro sujeito caso este deva ser acentuado.
O dólar, como a girafa, não existe.
B) O verbo irá para o plural se os sujeitos foram termos que se completam;
Tanto um como outro se ocupavam com os afazeres domésticos.
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