Paradoxo - Figura de Linguagem

 Figuras de linguagem são recursos da língua portuguesa que desviam das normas padrões para conferir uma maior expressividade à linguagem. Elas estão divididas em quatro: figuras de sintaxe (ou construção); figuras de palavras; figuras de pensamento e figuras de som ou harmonia.
Glaucia Alves


                                                                    
O paradoxo ou oxímoro é uma figura de pensamento de oposição que representa uma intensificação da antítese.

No paradoxo há o confronto entre dois termos cujos significados se excluem ou estão em relação de contradição entre si.

Observe o uso desse recurso no fragmento do poema de John Donne.

Deixa que minha mão errante adentre.
Atrás, na frente, em cima, em baixo, entre.
Minha América! Minha terra a vista,
Reino de paz, se um homem só a conquista,
Minha Mina preciosa, meu império,
Feliz de quem penetre o teu mistério!
Liberto-me ficando teu escravo;
Onde cai minha mão, meu selo gravo.
Nudez total! Todo o prazer provém
De um corpo (como a alma sem corpo) sem
Vestes. As jóias que a mulher ostenta
São como as bolas de ouro de Atalanta:
O olho do tolo que uma gema inflama
Ilude-se com ela e perde a dama.
Como encadernação vistosa, feita
Para iletrados a mulher se enfeita;
Mas ela é um livro místico e somente
A alguns (a que tal graça se consente)
É dado lê-la. Eu sou um que sabe;

Fica claro o uso do paradoxo no verso em destaque, pois liberdade e escravidão são termos opostos e excludentes.

Observação:

A diferença principal entre antítese e paradoxo é a simultaneidade: na antítese os elementos opostos não são simultâneos, enquanto no paradoxo os termos contrários são agrupados simultaneamente numa mesma unidade de sentido.

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